segunda-feira, 29 de junho de 2009

ONU apresenta plano para reduzir desigualdade de raça e gênero


Na última quinta-feira (25), foram apresentadas as diretrizes do comitê durante a 2° Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial
27/06/2009 - 00:53

Brasília - A promoção de políticas de igualdade racial é uma preocupação internacional do sistema de agências da Organização das Nações Unidas (ONU), de acordo com a representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil, Marie-Pierre Poirier, que coordena o grupo de trabalho da ONU sobre gênero e raça e apresentou na última quinta-feira (25) as diretrizes do comitê durante a 2° Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial.

Marie-Pierre listou os objetivos do plano de ação, entre eles a promoção do acesso igualitário aos serviços públicos, a redução das vulnerabilidades e da violência entre os grupos minoritários e a transparência na implantação de políticas públicas de direitos humanos.

O plano também prevê a adoção de medidas internas na ONU, como a produção de conhecimento sobre a desigualdade racial e de gênero e as ações práticas como a preparação de candidatos negros e indígenas para na ocupação de cargos nas agências da organização.

“A ONU não é só um financiador de projetos, essa é uma visão equivocada. O que oferecemos são estratégias para priorizar o desenvolvimento de capacidades de gestores nos países para que resolvam seus próprios problemas”, afirmou.

Marie-Pierre defendeu a articulação entre governos, sociedade civil e o setor privado na aplicação de medidas anti-discriminatórias e a troca de experiências entre os países para subsidiar ações nacionais de combate ao racismo e ao preconceito de gênero.

A coordenadora do sistema ONU no Brasil, Kim Bolduc, disse que o país é um “caso emblemático” na promoção da igualdade racial, pelo ativismo da sociedade civil e por avanços na formulação de políticas integradas, como as ações afirmativas e o reconhecimento de direitos dos quilombolas.

“Muitos países assumiram compromissos com a redução das desigualdades. Vários revisaram seus textos constitucionais e outros criaram instituições específicas para promover a igualdade racial e de gênero, como o Brasil, com a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) e a Secretaria Especial de Políticas paras as Mulheres”, citou.

Kim afirmou que a ONU está comprometida a continuar auxiliando o governo brasileiro na redução das desigualdades, mas afirmou que a solução deve partir de iniciativas conjuntas, que incluem políticas de educação e até os meios de comunicação.

“Neste momento de tantos avanços, não podemos ceder terreno. Somente a solidariedade servirá para responder aos desafios do mundo dividido de hoje”, disse.

Agência Brasil

sexta-feira, 26 de junho de 2009

ENVIO DE TROPAS NÃO RESOLVEM VIOLÊNCIA NO PARÁ, DIZ FÓRUM AGRÁRIO.

O envio das Forças Armadas para reforçar a segurança no Estado do Pará anunciado ontem pelo governo não resolve o problema dos conflitos de terras, segundo avaliação do Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo.

"Não adianta mandar 2.000 soldados para ficarem uma semana e depois voltarem", afirmou hoje o coordenador do fórum, Gilberto Portes, que cobrou do governo uma ação permanente e estrutural para que os problemas de violência na região sejam resolvidos.

Segundo ele, o governo precisa investir mais na estrutura das instituições que estão no Estado, destinando mais recursos para o aparelhamento das representações do Incra, da Polícia Federal, e de outros órgãos de fiscalização ambiental e de violação dos direitos humanos.

Portes informou que alguns policiais federais que atuam na região têm utilizado carros de terceiros para cumprirem seu trabalho, o que considerou "uma vergonha".

Segundo ele, as tropas militares inibem a ação de grileiros momentaneamente, mas eles voltam a agir em seguida. "Ou o governo vai mudar isso agora ou está instalada uma guerra civil", disse.

Em documento dirigido ao presidente da República em exercício, José Alencar, os representantes do fórum afirmam que "a ausência de ações de Estado é patente no Pará", e que as medidas anunciadas pelo governo federal "têm sido sempre tópicas, retóricas e sem firmeza".

O fórum pediu ainda uma intervenção federal no Estado do Pará, a retomada das terras griladas, e a classificação do assassinato da missionária norte-americana Dorothy Stang, como uma "grave violação dos direitos humanos", para a transferência das investigações para a competência da Justiça Federal. O fórum também quer proteção para mais de 50 pessoas que estariam ameaçadas de morte.

"Estão desafiando o Estado", disse Gilberto Portes, referindo-se aos assassinatos ocorridos no Estado nesta semana.

Além do Pará, onde a situação da violência é mais crítica, Portes também apontou a existência de problemas nas disputas pela terra em Pernambuco, Sul da Bahia, Rio Grande do Norte, Paraíba, Mato Grosso, Goiás, Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Paraná.

Parlamentares

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Reforma Agrária, também divulgou manifesto de "indignação diante do bárbaro assassinato" da missionária Dorothy Stang.

Para os parlamentares, o padrão de violência no campo só será alterado na região com a presença firme do Estado por meio de medidas mais urgentes dos governos federal e estadual.

Representantes da comissão parlamentar estão reunidos com José Alencar para discutir alternativas para a violência gerada pelos conflitos de terra no Pará.

terça-feira, 23 de junho de 2009

DESIGUALDADES PROVOCAM ATRASO NOS ESTUDOS

A região que tem a população mais jovem de todo o Brasil, com 9,2 milhões de pessoas com até 17 anos, é também aquela que menos cuida da educação de seu povo. Um estudo do Unicef, chamado Situação da Infância e da Adolescência Brasileira 2009 - O Direito de Aprender: Potencializar Avanços e Reduzir Desigualdades, mostra uma realidade preocupante: a Amazônia ainda têm mais de 90 mil adolescentes analfabetos e cerca de 160 mil crianças de 7 a 14 anos fora da escola.

Entretanto, assegurar o acesso dos jovens à educação não é o único desafio a ser enfrentado. A situação não é menos dramática quando se observa, que, no Pará, entre os que chegam ao ensino médio, apenas 33,1% estão com idade compatível à série. Ou seja, tem entre 15 e 17 anos. Isso significa que a maioria já atrasou dois anos ou mais de estudos. Seja por repetência ou abandono das atividades escolares.

É o pior índice da região Norte, que traz como média 36% de alunos nesta situação. A exceção fica por conta do Amapá - que melhor até do que a média brasileira (48%) - traz 49,1% dos alunos em dia com estudos.

No ensino fundamental, as distorções se repetem. Enquanto no Brasil, a média de estudantes atrasados é de 25,7%, na região Norte, este índice pula para 35,4%. Sendo que o Pará alcança a margem de 40,2% do alunado. É quase o dobro do constatado na maioria dos estados nortistas.

O resultado disso é de que, apesar de passar em média aproximadamente dez anos na escola, os estudantes da região completam com sucesso pouco mais de cinco séries, portanto menos do que a escolaridade obrigatória. No Brasil, esta média é de sete anos.

O relatório da Unicef também revelou que é elevada a quantidade de crianças e jovens que abandonam a escola antes de concluir os estudos. De acordo com o Censo Escolar 2007, no Pará, apenas 22% dos alunos matriculados no ensino fundamental, concluíram seus estudos; enquanto que no ensino médio, este índice sobe para 43,9%.


DISTORÇÕES


A Unicef diz que estes índices refletem as graves distorções socioeconômicas a que os amazônidas estão expostos, já que, segundo a publicação, das mais de 9 milhões de crianças e adolescentes que residem na região, pelo menos 5,5 milhões são consideradas pobres.

Um quadro agravado ainda pelos problemas internos do próprio sistema escolar, como a baixa qualificação dos professores, instalações precárias, transporte inadequado e a falta de material pedagógico contextualizados, que são fatores que contribuem para diminuição do interesse dos estudantes nas aulas e, conseqüentemente, por retê-los ao longo do ensino fundamental e médio.

Com mais de 15 anos de giz na lousa e livro na mão, o professor José Anibal Oliveira, sabe bem estes desafios. Dando aula, de segunda a sexta-feira, de 7 às 22 horas, em várias escolas da rede estadual de ensino, ele confessa, que, apesar do esforço em fazer um bom trabalho, está cada dia mais difícil educar neste País.

'São tantos os percalços, que muitas vezes falta estímulo para continuar o trabalho. Existe hoje uma grave equivoco de achar que investir em educação é reformar escola. Fazer educação é mais que isso, é dar um salário digno aos professores, é investir na qualificação profissional, em livros, é garantir condições adequadas para que este aluno assista aula', afirmou.

Situação que se torna ainda mais adversa diante da omissão da família na vida do aluno. 'Na maioria das vezes, o que a gente percebe é uma falta da presença da família na vida desses jovens. Faltam valores, rotinas e o acompanhamento que é necessário para vida escolar', afirmou.

Solitária na capital, filha de pescador luta para conciliar trabalho e escola.

Dentre os gargalos da educação atual, estão também fatores como a negligência dos pais, a violência nas escolas, a discriminação, a gravidez na adolescência e o trabalho precoce. Para se ter uma idéia, dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2007, usadas no relatório, dão conta de que do total de 44,7 milhões de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos de idade no Brasil, 4,8 milhões trabalham. Destas, quase um terço, trabalha pelo menos 40 horas semanais.

O que para o Unicef são números significativos, apesar de estar havendo queda do nível de ocupação de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos de idade nos últimos anos. Em 2006, existiam 5,1 milhões de trabalhadores nessa faixa etária, o que corresponde a 11,5% do total de crianças. Em 2007, essa taxa caiu para 10,8%.

O abandono da escola em razão da necessidade de trabalhar para ajudar na renda familiar fica evidente quando se analisa a taxa de escolarização dos adolescentes ocupados e não ocupados. De acordo com a PNAD 2007, dos adolescentes de 15 a 17 anos que trabalham, apenas 21,8% estão na escola.

Filha de um pescador e uma dona de casa, no município de Viseu, a jovem Ana Paula Ferreira faz parte desta estatística. Ela, ao lado do pai, é a única provedora de renda de uma família que conta ainda com outros oito irmãos, entre 21 anos e 6 meses.

Prestes a completar 19 anos e há quase um ano morando sozinha em Belém, ela já traz no currículo vários empregos como babá e doméstica, mas ainda não conseguiu completar o primeiro ano do ensino médio. O estudo, segundo ela, acabou relegado ao segundo plano, diante das dificuldades financeiras.

'Trabalho desde os 13 anos sempre como babá ou cuidando da casa. Para mim, é muito difícil estudar depois de passar o dia inteiro cozinhando, limpando, cuidando de criança. Às vezes até esqueço de fazer a lição', disse a jovem.

Ela repetiu a 6ª série e pela segunda vez cursa o 1º ano do ensino médio. No ano passado, os estudos foram interrompidos porque a escola em que estudava em Viseu parou para reformas por mais de um semestre. Se não bastasse isso, este ano, enfrentou quase três meses de escolas paradas em virtude da greve dos professores. Resultado: no final de junho, ela ainda se prepara para aprender o conteúdo da 2ª avaliação.


SORTE


'A minha sorte que já tinha aprendido uma parte lá em Viseu e o conteúdo é mais ou menos balanceado. Mas é difícil, aqui é muito barulho na hora da aula', disse. E reconhece que para série que cursa, deveria saber mais. 'Sinto que tenho dificuldades, às vezes fico meio sem noção do assunto', confessa.

Sem muitas perspectivas pela frente, Ana Paula, que sempre sonhou em ser médica, traz como meta hoje conseguir completar o ensino médio. 'Quem sabe assim consigo arranjar um emprego no comércio, sei lá. Ai se tiver dinheiro, de repente, posso fazer um cursinho e depois o vestibular, porque com R$ 200 por mês não dá para fazer isso'.

Investimento é solução para problema no Estado

Na avaliação da doutoranda em educação e pedagoga da Universidade do Estado do Pará (Uepa), Ana Cláudia Hage, o caminho para reverter estes índices está no aumento dos investimentos em educação, mas, sobretudo, no compromisso com o sistema educacional do País.

'É uma falta de compromisso generalizado em escala, que começa desde o ensino de base. Faltam investimentos em políticas públicas, falta comprometimento com a educação, com o sistema. Precisamos de uma política de integração entre os diversos setores envolvidos', afirmou a especialista.

Para isso, ela diz que é preciso mudar as perspectivas de aprendizagem. 'Precisamos nos voltar para qualidade do ensino ministrado. O aluno tem que ir à escola para aprender', afirmou.

São medidas, como as recomendadas pelo Unicef, que chamam atenção, por exemplo, para centralidade do papel do professor; a valorização e o respeito ao aluno e à sua cultura; a existência de espaços e instrumentos de participação efetiva desse conjunto de atores e de seus parceiros, como parte de uma gestão democrática da escola; o estímulo ao processo cognitivo por meio de atividades lúdicas, metodologias inovadoras, espaços educativos; e busca de novas abordagens pedagógicas.

'Não haverá política nacional de educação que resolva, se não zelarmos pelo processo. Um professor tem em média 40 alunos, ele está diante então de 40 questões complexas para resolver. É preciso fazer com que estes alunos não apenas passem de ano, mas que aprendam o que foi ensinado'.

Ela destaca também o papel da família neste processo. 'A constituição é clara quando diz que a educação é um direito de todos, mas ela diz também que é um dever do Estado e da família. É preciso fazer esta conscientização', disse.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

PARÁ, CAMPEÃO EM EVASÃO ESCOLAR.

PARÁ AINDA TEM 103 MIL JOVENS FORA DA ESCOLA.



O Pará está entre os Estados brasileiros com maiores índices de evasão escolar e o líder entre os estados da região Norte. No total, 103 mil adolescentes, de 15 a 17 anos, estavam fora da escola em 2007. Na região Norte, são 195 mil fora das salas de aula. Os dados foram divulgados na manhã de ontem durante o lançamento do relatório “Situação da Infância e da Adolescência Brasileira 2009”, pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef ).A pesquisa mostra ainda que o ensino fundamental do Pará é o pior do país. De acordo com o relatório do Unicef, apenas 22,3% do total de matriculados na 1ª série do Ensino Fundamental conseguem concluir a 8ª série. Os números representam que, de 331.266 matriculados, apenas 73.755 concluem o ensino médio. No Brasil, o percentual é de 53,7%.Já no ensino médio, a situação é um pouco menor, mas o percentual de alunos matriculados no 1º ano que abandonam as escolas antes de concluir o ensino médio, de 43,9%, ainda é menor que a média de 50,9%.A precariedade da aprendizagem no Brasil abrange não somente o estado do Pará, como toda a região Norte. A pesquisa revela que o percentual de crianças fora da Escola na Região Norte é duas vezes maior do que na Região Sudeste. E ainda, das 680 mil crianças e adolescentes com idades entre 7 e 14 anos fora das salas de aula, 450 mil são negras.De acordo com o coordenador do Unicef no Pará, Fábio Moraes, não se pode analisar esse cenário isoladamente. Para ele, a falta de oportunidade de crianças e adolescentes em aprender está inserida em um contexto muito maior, que é a desigualdade. “Se nós formos analisar todos os dados, a região Norte em si já é extremamente desfavorável em relação às regiões Sul e Sudeste. No Norte os negros, as crianças das áreas rurais e indígenas têm menos chances que em outras regiões”, explica.

Faltam políticas públicas em vários setores.

Para ele, o alto número da evasão escolar e de crianças fora das escolas é resultado da falta de políticas públicas voltadas, não só para a área da educação, mas para a saúde, lazer, a segurança, entre outras. “Todas as áreas estão ligadas e tudo isso contribui para o sucesso ou não de uma região no segmento da educação”.Entre as recomendações destacadas no relatório sobre a infância e adolescência no Brasil estão: potencializar os avanços e radicalizar na redução ou eliminação das desigualdades; universalização de direitos; conhecimento e reconhecimento da situação das crianças e adolescentes mais vulneráveis.Roberto Ferraz, presidente do Conselho Educacional de Educação, justifica a situação no fato do Estado possuir uma extensão territorial grande e a maioria das escolas estarem localizadas na área rural. Para ele, a dificuldade desses alunos é maior se comparada coma de outros Estados. “Aqui ainda há muita dificuldade em se chegar às escolas por causa da distância em alguns municípios”.Além disso, Ferraz destaca a falta de investimentos na formação de professores e construção de escolas. “É preciso que o governo invista em políticas públicas para mudar essa realidade. O poder aquisitivo, inclusive, ainda é um dos fatores que contribuem para a evasão escolar. É preciso investir também nesse aspecto”, finaliza.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Alarmante - Jovens dominam penitenciárias no Pará


Eles poderiam estar na escola, na universidade ou pensando na carreira dos sonhos. Mas, ao invés disso, fazem parte de uma estatística que envergonha o Estado. A população carcerária do Pará é dominada por jovens entre 18 e 29 anos. Dos mais de 9 mil detentos que ocupam as penitenciárias paraenses, cerca de 6 mil estão nesta faixa etária. Os dados não são uma particularidade paraense, mas em nenhum outro lugar do País essa situação é tão marcante. Enquanto a média brasileira de detentos nesta faixa de idade é de 60%, o Pará chega perto dos 70%. Para piorar, com a falta de políticas públicas eficazes, educação de qualidade e investimentos no sistema penitenciário, a tendência é que esse número cresça ainda mais.

Com apenas 21 anos, João da Silva (nome fictício para proteger a identidade do entrevistado) já foi preso duas vezes. Todas por assalto a mão armada. Ele parou de frequentar a escola aos 12 anos e só estudou até a quarta série, o que o fez entrar no crime. Se envolveu com drogas, chorou, sofreu, foi maltratado na prisão e, hoje, tenta reconstruir sua vida. Esse é um retrato comum no bairro onde João viveu durante a infância e parte da adolescência: a Terra Firme.
Sem escolas adequadas, tráfico de drogas na porta de casa e poucos amigos para aconselhá-lo, João se viu sem alternativas. Essa não era a vida que ele tinha sonhado, mas o meio em que vivia não lhe oferecia algo melhor. 'Ali não tem como fugir do crime. Saí de lá, porque aquele bairro é uma verdadeira perdição'.

João explica que não aguentaria sobreviver nas penitenciárias da cidade sem o apoio da família. Isso porque ele era tratado como um 'animal'. 'Não tem estrutura nenhuma. Assim fica difícil se ajeitar. A gente entra como bandido e sai ainda pior', conta. Mas foi somente na última vez em que foi preso que João decidiu deixar o crime, porque quase enlouqueceu. Afinal, não se tinha nada para fazer no local.

Como solução para o ócio que tomou conta da sua vida durante o período em que ficou preso, João diz que o ideal seria que o Governo do Estado criasse projetos dentro das penitenciárias, como cursos para mantê-los ocupados e com perspectiva de uma vida melhor. 'Nós também somos gente', ressaltou.

Diácono permanente da Igreja Católica e coordenador da macrorregião Norte da Pastoral Carcerária, Ademir Silva diz que a prova desta situação é que crianças estão trabalhando nos sinais de trânsito, os subempregos aumentam a cada dia, jovens são abandonados nas ruas e, principalmente, não existem perspectivas de se arrumar emprego. Segundo ele, a população paraense ainda tem que se submeter a um ensino médio de má qualidade, o que diminui consideravelmente as chances de um adolescente ingressar na universidade. Como exemplo, ele cita a média nacional de alunos que concluíram o ensino, que é de 53%. No Pará, este número é de apenas 23%. Enquanto isso acontece, a indústria de consumo prospera. 'O shopping é aberto ao público e quem não tem dinheiro para usufruir do que é vendido lá, se refugia em drogas e bebidas. Esse é o passaporte para a criminalidade', afirma.

O aumento do número de jovens que se envolvem em crimes também se deve à distorção de valores tradicionais, apoio familiar, influência da programação televisiva, fome e miséria, segundo o coordenador da Pastoral Carcerária. Para que essa situação mude, é necessária, em primeiro lugar, preocupação com a base familiar desses jovens, para prevenir a entrada deles na vida delituosa. Em segundo, cuidar da ação da Polícia em todos os níveis. Pois, hoje, diz Ademir Silva, só se pensa na punição, não na prevenção e recuperação. 'Ou seja, o problema torna-se uma bola de neve que, se não for controlada a tempo, vai explodir. É o que chamamos de justiça retributiva, aquela que só pune e que leva jovens às penitenciárias, que mais parecem depósitos de gente', contou.

COMPORTAMENTO

A opinião da socióloga Kátia Mendonça sobre o assunto não é diferente. Mas ela lembra que, além das causas socioeconômicas, existem também as éticas. Pois vivemos em uma sociedade onde respeito e honestidade estão longe de ser aplicados. 'A família está em crise. A sociedade é marcada pelo consumo, que vai das roupas às drogas. Uma sociedade vazia de sentido para jovens, que acabam no mundo do crime, cuja porta de entrada é quase sempre o tráfico de entorpecentes', explicou.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Harlem Globetrotters e os Reis da Rua no Maracanãzinho

Reis da Rua

Os admiradores do Basquete de Rua encheram o Ginásio Gilberto Cardoso, o Maracanãzinho, nos shows da manhã e da noite de sábado, 06 de junho, no Rio de Janeiro. O espetáculo, que inclui basquete, hip hop, dança, malabarismo e encenações bem-humoradas, foi prestigiado por famílias de várias cidades brasileiras. O show contou ainda com a participação especial dos jogadores de Basquete de Rua da CUFA, representados pelos Reis da Rua, Equipe CUFA e alunos do Basquete de Rua do Cezarão.

Lucas - Aluno da escolinha de basquete da CUFA

O colorido e a alegria das inúmeras crianças e jovens que vibravam no ginásio a cada atração foram um espetáculo à parte. A festa começou às 11h sob o comando do MC Avalanche, que agitou a galera com a apresentação do professor de Basquete de Rua WG e seus alunos Robinho, Lucas e Gustavinho. Os meninos do Cezarão não se intimidaram diante do estádio lotado e mostraram talento com a bola, arrancando muitos aplausos da torcida.

CUFA e Reis da Rua

Em seguida, foi a vez do confronto entre os times Reis da Rua e a Equipe CUFA, que jogaram uma calorosa partida. Durante a segunda apresentação do sábado, já sob o comando do MC Tonny Boss, as equipes levaram a platéia ao delírio. Apesar de os Reis da Rua abrirem o placar, a disputa correu acirradíssima durante todo o jogo e o ritmo do hip hop esquentava ainda mais o clima. O público acompanhava cada lance, enterrada e drible com a maior empolgação.
E no ritmo do hip hop, comandado pelo DJ JL, os jogadores da CUFA fizeram a chapa esquentar durante a noite no Maracanazinho. Restando apenas 20 segundos para o final da partida, o placar mostrava o empate, indicando que o jogo terminaria sem vencedores ou perdedores. Mas para delírio e surpresa de todos, uma enterrada do jogador Léo mudou o placar no último segundo, isso mesmo, no último segundo do jogo! E venceram os Reis da Rua, após brigarem por cada ponto. A torcida também ganhou, afinal, os basqueteiros da CUFA, de ambas as equipes, realizaram um belo jogo.
Logo depois, foi a vez dos B. Boys da Equipe Fênix darem um show de break. As disputas individuais deixaram a torcida dividida e os rapazes se despediram da quadra ao som de muitos aplausos.Enquanto isso, a expectativa pela entrada dos Harlem Globetrotters aumentava. Numa encenação bem-humorada, o “técnico” dos Washington Generals, eternos adversários e companheiros dos Trotters, atiçava a torcida com suas preferências pelo jogador argentino Maradona e com a promessa de vencer, enfim, os Harlem. A interação entre os atletas e a platéia era enorme e muito empolgante. Um espetáculo realmente bonito de se ver.
Após a entrada dos jogadores do Generals, chegou finalmente o momento do ingresso na quadra de um dos times de basquete mais popular e carismático do mundo, os Harlem Globetrotters. Encantado, o público acompanhava cada minuto da apresentação. E a quadra de basquete do Maracanazinho se transformou em pista de dança, palco de teatro, de circo e de muitas brincadeiras. As sensacionais jogadas de basquete típicas dos Trotters puderam ser conferidas bem de pertinho por quem já as conhecia e por quem certamente passou a admirá-las.
O confronto entre os Harlem Globetrotters e os Washington Generals foi divertido e cheio de “trapaças”, realizadas pelo técnico dos convidados. A rivalidade saudável e já tradicional entre os dois times renderam muitas risadas e enterradas memoráveis. Mas a vitória, como sempre, foi conquistada pelo “reis-palhaços”, apelido concedido aos Harlem em 1948.
E a noite termina com gostinho de quero mais e com a alegria de presenciar o Maracanazinho lotado de pessoas prestigiando o basquete, divertindo-se com o grande show dos Trotters, conhecendo e valorizando o Basquete de Rua e, principalmente, estimulando os inúmeros jovens que se dedicam a este esporte e que por meio dele dão um direcionamento diferente às suas vidas.
Redação: Márcia Mendes
Fotos: Isabela Reis

quinta-feira, 4 de junho de 2009

CUFA TUCURUÍ




Esta acontecendo de 01 à 07 de Junho de 2009. O II Salão do Livro entorno o lago da USINA HIDREELÉTRICA DE TUCURUÍ.

No segundo dia (02/06/2009), ocorreu a palestra com o autor do livro CIDADE DE DEUS, O autor PAULO LINS.

A coordenação da CUFA Tucuruí, participou da palestra e se reuniu com o autor após o evento onde tiveram a oportunidade de discutir, sobre

Sistema de Cotas
Periferia
Criminalidade
Tráfico de armas
Racismo
Movimento HIP HOP

O autor ficou surpreso em saber que que haveria uma base da CUFA em Tucuruí.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Projeto Batalha na Praça - Quartoabafado Produções e CUFA Pará





No ultimo dia 30 de Maio (sabado) , aconteceu na Praça de São Braz em Belém do Pará , a Primeira etapa do Projeto BATALHA NA PRAÇA ( Freestaly ), com a parceria da CUFA Pará e o Quartoabafado Produções.

A Praça de São Brás é o berço do Hip Hop Paraense, é onde os amantes se encontram e interagem, e nada mais normal que a Batalha acontece-se neste espaço, onde contamos com a presença de aproximadamente 300 pessoas, " Foi uma enorme satisfação para a organização do evento ver tanta gente nova reunida e rimando ".







Contamos com a presença de vários grupos de Raps, muitos B.Boys , B.Girls e grafiteirros , diferente de outras ações, se conseguiu que os 4 elementos estivesse reunidos em um unico espaço, foi uma noite considerável para todos .
Com 10 MC´S inscritos, formamos a primeira Batalha de Freestaly do Projeto Batalha na Praça ...

O vencedor foi o MC Jambrizudo do bairro da Pedreira . O prêmio foi , uma coletania em CD e DVD dos Rap´s Paraenses , assim concretizando a ideia do Projeto que e divulgar a Cultura Hip Hop Paraense , formando e informando os jovens ( Nova Escola ) do Hip Hop , trazer os Militantes que já atuaram devolta para a luta.