O Pará está entre os Estados brasileiros com maiores índices de evasão escolar e o líder entre os estados da região Norte. No total, 103 mil adolescentes, de 15 a 17 anos, estavam fora da escola em 2007. Na região Norte, são 195 mil fora das salas de aula. Os dados foram divulgados na manhã de ontem durante o lançamento do relatório “Situação da Infância e da Adolescência Brasileira 2009”, pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef ).A pesquisa mostra ainda que o ensino fundamental do Pará é o pior do país. De acordo com o relatório do Unicef, apenas 22,3% do total de matriculados na 1ª série do Ensino Fundamental conseguem concluir a 8ª série. Os números representam que, de 331.266 matriculados, apenas 73.755 concluem o ensino médio. No Brasil, o percentual é de 53,7%.Já no ensino médio, a situação é um pouco menor, mas o percentual de alunos matriculados no 1º ano que abandonam as escolas antes de concluir o ensino médio, de 43,9%, ainda é menor que a média de 50,9%.A precariedade da aprendizagem no Brasil abrange não somente o estado do Pará, como toda a região Norte. A pesquisa revela que o percentual de crianças fora da Escola na Região Norte é duas vezes maior do que na Região Sudeste. E ainda, das 680 mil crianças e adolescentes com idades entre 7 e 14 anos fora das salas de aula, 450 mil são negras.De acordo com o coordenador do Unicef no Pará, Fábio Moraes, não se pode analisar esse cenário isoladamente. Para ele, a falta de oportunidade de crianças e adolescentes em aprender está inserida em um contexto muito maior, que é a desigualdade. “Se nós formos analisar todos os dados, a região Norte em si já é extremamente desfavorável em relação às regiões Sul e Sudeste. No Norte os negros, as crianças das áreas rurais e indígenas têm menos chances que em outras regiões”, explica.
Faltam políticas públicas em vários setores.
Para ele, o alto número da evasão escolar e de crianças fora das escolas é resultado da falta de políticas públicas voltadas, não só para a área da educação, mas para a saúde, lazer, a segurança, entre outras. “Todas as áreas estão ligadas e tudo isso contribui para o sucesso ou não de uma região no segmento da educação”.Entre as recomendações destacadas no relatório sobre a infância e adolescência no Brasil estão: potencializar os avanços e radicalizar na redução ou eliminação das desigualdades; universalização de direitos; conhecimento e reconhecimento da situação das crianças e adolescentes mais vulneráveis.Roberto Ferraz, presidente do Conselho Educacional de Educação, justifica a situação no fato do Estado possuir uma extensão territorial grande e a maioria das escolas estarem localizadas na área rural. Para ele, a dificuldade desses alunos é maior se comparada coma de outros Estados. “Aqui ainda há muita dificuldade em se chegar às escolas por causa da distância em alguns municípios”.Além disso, Ferraz destaca a falta de investimentos na formação de professores e construção de escolas. “É preciso que o governo invista em políticas públicas para mudar essa realidade. O poder aquisitivo, inclusive, ainda é um dos fatores que contribuem para a evasão escolar. É preciso investir também nesse aspecto”, finaliza.