quinta-feira, 22 de março de 2012

Bahia sedia o 7º Encontro Nacional da CUFA




A Central Única das Favelas (CUFA) realizará na cidade de Salvador, na Bahia, a sétima edição do Encontro Nacional. O evento, que acontecerá nos dias 29/03 a 01/04, no Auditório da Praça das Artes – Pelourinho, contará com a presença de representantes das CUFAs dos vinte e seis estados e o Distrito Federal.
O objetivo principal do encontro anual é planejar e discutir as ações da instituição que serão realizadas em 2012, possibilitando que as bases da CUFA espalhadas pelo Brasil tenham oportunidade de relatar suas ações do ano anterior e trocar experiências.
Na ocasião, serão debatidas medidas para colaborar com o avanço das favelas e periferias do Brasil e do mundo, além de proporcionar aos participantes a possibilidade de dialogar e materializar ações através do esporte, arte, cultura, turismo, trabalho e ações de prevenção da violência em suas diversas expressões.
A rede CUFA BR iniciou em 1998 por jovens do Rio de Janeiro se vascularizou por todo o Brasil e visa articular projetos, ideias e políticas públicas com os diversos movimentos existentes em cada região.
 A principal missão da CUFA é funcionar como um polo de produção cultural e de distribuição de oportunidades para os jovens, particularmente, negros e residentes em favelas por meio de projetos e ações promovidas nos campos da educação, esporte, cultura, cidadania e desenvolvimento humano.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Processo de fabricação de instrumentos vai ajudar a ressocialização de detentos

Todos os educadores e especialistas são unanimes em afirmar que a música e a musicalização trazem como benefícios a estimulação da aprendizagem, da linguagem, favorecem a concentração, além de promover a afetividade, a disciplina e a socialização. São esses benefícios que as ONG’s Cufa Pará e Crias do futuro querem levar para 20 internos do Centro de Recuperação do Coqueiro.

A oficina foi uma solicitação dos próprios detentos quando a Cufa Pará realizou a oficina de audiovisual em fevereiro deste ano. A oficina faz parte do projeto Crias do Futuro realizado pelas ONGs em cinco espaços diferentes da cidade. A iniciativa tem patrocínio da Oi, com apoio Cultural da Oi Futuro e do Governo do Estado, através da Lei Semear e da Fundação Cultural Tancredo Neves.

Além das aulas de música, os alunos também devem aprender a construir seus próprios instrumentos de percussão como maracas, marabaixos, alfaias, curimbós, reco-recos e tambores. O primeiro, dos três meses de oficia será dedicado a reconhecer os materiais utilizados para a fabricação dos instrumentos de percussão e a montagem dos mesmos. As aulas serão ministradas por Francisco Carlos Matos da Silva, o Zetti, que trabalha com a construção de instrumentos de percussão há 20 anos, e já leciona em instituições como Curro Velho e IAP.

Nos outros dois meses, os alunos deverão montar uma turma de percussionistas que vão repassar os conhecimentos aprendidos. Essa parte será coordenada por João Paulo de Oliveira Pires, que ensina percussão há sete anos e já deu aulas na Escola de Música da UFPa, também é parceiro do Emaús.
A oficina que começou nesta segunda-feira e vai até junho. 








terça-feira, 13 de março de 2012

Intervenção Urbana vai para a sala de aula

Entre a pichação e o grafite, entre a sujeira e a arte, a violência e a devolução de espaços públicos ao povo. Os conceitos se diferem, vêm todos de ambientes e histórias diferentes, mas referem-se quase sempre a mesma ação, expressar-se em muros, com tintas, sprays e criatividade. Diferenciar o grafite da pichação em Belém é quase impossível, somos a capital nacional de pichações que também dizem coisas e expõe ideias, muito diferente do conceito de sujeira e poluição visual difundindo pelo olhar não atento, principalmente de urbanistas e do poder público.
A história da pichação em Belém remete aos anos 90, antes da briga de gangues arregimentarem os pichadores para identificar seus espaços. Depois a pichação ainda que mantendo os traços ficou atrelada a violência e ao crime organizado. Quem conta essa história é o grafiteiro de 31 anos EdPaulo Moraes Cardoso, conhecido pelos muros da cidade apenas como Ed, e que também começou como pichador e que também quase entrou para as carreira das gangues.
Hoje, já estabelecido e vivendo da sua arte, a intervenção urbana, ligada a cultura de rua e principalmente ao hip hop, iniciou mais uma turma de artistas na ideia de ocupar os espaços sem uso. A oficina de Graffite promovida pela Central Única das Favelas Pará e pela ONG Crias Futuro, dentro do projeto Crias do Futuro, é apenas uma das cinco oficinas que serão oferecidas durante todo o primeiro semestre em bairros diferentes na periferia da cidade de Belém.
A primeira aula, fez com que Ed fizesse esse retorno no tempo, de 1996, antes de sequer conhecer o que era e como militava um grafiteiro, quando a diversão era simplesmente sair marcando território na arte anônima pré-guerra de gangues, a hoje quando a casa do Grafiteiro esta montada com estrutura de escritório e programação anual para receber com arte todo e qualquer visitante também grafiteiro que queria conhecer Belém.
Ed faz parte do coletivo Cosp Tinta que já grafitou muitos muros pela cidade e que já tem fama até fora de Belém. “Acho que uma das coisas que chama a atenção para o nosso movimento é a nossa organização e principalmente o fato de hoje eu viver disso, sei que muitos colegas tem suas outras vidas, fora da arte, mas eu sou exemplo pra quem quiser ver, que se pode fazer uma carreira dentro do Graffiti e é isso que motiva essa molecada que assiste as aulas”, acredita Ed.
A oficina vai durar três meses e os alunos foram convidados a escolher espaços dentro de seus próprios bairros para realizarem a intervenção. Ed alerta que antes de pegar no spray os participantes terão ainda que percorrer um caminho muito longo entre conhecer as técnicas de desenho, cores, luz e sombra. Além de aprender a história de como surgiu e de como é utilizado o Graffiti. “Hoje, aqui, isso vai ser mais fácil. Na minha época, fazíamos muito por instinto. Aprendi correndo atrás de informação que era muito mais complicado do que hoje, os meios de divulgação de cultura de rua eram ainda mais escassos. Até sorte eu acho que dei em relação a informação”, informa.
Além das oficinas que terão resultados práticos em três meses, Ed, junto com o Coletivo Cosp Tinta, trabalha ainda nos mutirões de graffiti mensal. “Já realizamos um no Tapanã, que foi o primeiro, o segundo foi aqui na mesmo na Terra Firme e o próximo vai ser dia 31 de Março, na Guanabara”, informa.