sexta-feira, 26 de junho de 2009

ENVIO DE TROPAS NÃO RESOLVEM VIOLÊNCIA NO PARÁ, DIZ FÓRUM AGRÁRIO.

O envio das Forças Armadas para reforçar a segurança no Estado do Pará anunciado ontem pelo governo não resolve o problema dos conflitos de terras, segundo avaliação do Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo.

"Não adianta mandar 2.000 soldados para ficarem uma semana e depois voltarem", afirmou hoje o coordenador do fórum, Gilberto Portes, que cobrou do governo uma ação permanente e estrutural para que os problemas de violência na região sejam resolvidos.

Segundo ele, o governo precisa investir mais na estrutura das instituições que estão no Estado, destinando mais recursos para o aparelhamento das representações do Incra, da Polícia Federal, e de outros órgãos de fiscalização ambiental e de violação dos direitos humanos.

Portes informou que alguns policiais federais que atuam na região têm utilizado carros de terceiros para cumprirem seu trabalho, o que considerou "uma vergonha".

Segundo ele, as tropas militares inibem a ação de grileiros momentaneamente, mas eles voltam a agir em seguida. "Ou o governo vai mudar isso agora ou está instalada uma guerra civil", disse.

Em documento dirigido ao presidente da República em exercício, José Alencar, os representantes do fórum afirmam que "a ausência de ações de Estado é patente no Pará", e que as medidas anunciadas pelo governo federal "têm sido sempre tópicas, retóricas e sem firmeza".

O fórum pediu ainda uma intervenção federal no Estado do Pará, a retomada das terras griladas, e a classificação do assassinato da missionária norte-americana Dorothy Stang, como uma "grave violação dos direitos humanos", para a transferência das investigações para a competência da Justiça Federal. O fórum também quer proteção para mais de 50 pessoas que estariam ameaçadas de morte.

"Estão desafiando o Estado", disse Gilberto Portes, referindo-se aos assassinatos ocorridos no Estado nesta semana.

Além do Pará, onde a situação da violência é mais crítica, Portes também apontou a existência de problemas nas disputas pela terra em Pernambuco, Sul da Bahia, Rio Grande do Norte, Paraíba, Mato Grosso, Goiás, Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Paraná.

Parlamentares

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Reforma Agrária, também divulgou manifesto de "indignação diante do bárbaro assassinato" da missionária Dorothy Stang.

Para os parlamentares, o padrão de violência no campo só será alterado na região com a presença firme do Estado por meio de medidas mais urgentes dos governos federal e estadual.

Representantes da comissão parlamentar estão reunidos com José Alencar para discutir alternativas para a violência gerada pelos conflitos de terra no Pará.