sexta-feira, 18 de junho de 2010

INTOLERÂNCIA OU LIVRE ARBITRIO?

Muito tem se falado sobre a intolerância humana em vários aspectos, religioso, político, social, familiar e outros tantos. Mas até onde a visão de intolerância está sendo discursada de forma real? Será que em alguns casos o termo não está sendo usado para provocar um debate sobre as mais variadas formas em que cada indivíduo ou grupo tem de expressar o seu livre arbítrio? Ou seja, em determinadas ocasiões onde se entende, e ver-se, intolerantes não seria apenas o caso de reconhecer que o outro age de forma diferente daquilo que o senso comum acredita ser o mais politicamente correto?

Por isso quero aqui colocar meu entendimento sobre o que é intolerância e o que é o livre arbítrio, e como já afirmei em outra ocasião, reconheço que o segundo pode levar ao primeiro, mas isso não os faz sinônimos.

Quero iniciar com o conceito de TOLERÂNCIA. Segundo o dicionário escolar da língua portuguesa da Academia Brasileira de Letras, tolerância quer dizer: “capacidade do organismo de receber algo sem sofrer transtornos”. Pela lógica o indivíduo, ou grupo de indivíduos, intolerante é aquele que sofre ao receber algo que não tolera. E como a própria palavra sugere, o intolerante é agressivo, ríspido, chegando até mesmo a ser
violento. Um exemplo muito claro disso são as guerras criadas por Adolf Hitler e pelo movimento Apartheid, que exterminaram milhões de vidas do povo Judeu e negros africanos. E como fazem até hoje alguns grupos religiosos pelo mundo afora, no Oriente Médio se tem muitas notícias de episódios desta natureza.

É evidente, e como já disse, que o livre arbítrio dessas pessoas ou grupo, provocaram essas tragédias, mas é importante perceber que elas poderiam simplesmente não estarem dispostas a dialogarem com os judeus, com os negros africanos ou com os cristãos, sem precisar matar, violentar ou morrer para afirmar isso. Não poderiam? Ai, muitos podem dizer, mas isso é preconceito! Ok, concordo. Mas é uma opção que cada um pode fazer em várias situações de suas vidas.

Eu posso não querer visitar um asilo, um orfanato, um prostíbulo, uma igreja, o lixão público de uma grande capital ou a periferia da minha cidade. A pergunta é: isso faz de mim uma pessoa intolerante? Ou estou no meu direito de ir, vir e dialogar com quem eu quero?

Há bem pouco tempo atrás assistir a um filme muito interessante, chamado INVICTUS, dirigido pelo brilhante Clint Eastwood e protagonizado pelo magnífico ator Morgan Freeman, onde o cerne da discussão girou em torno das atitudes de Nelson Mandela quando assumiu o poder na África do Sul. Todos esperavam que Mandiba revidasse a hostilidade que sofreu no exílio nas mãos dos ditos “brancos”, mas ao invés disso ele mostrou o exemplo de que o fato de não concordar com o que foi feito, poderia sim fazer de seu país e de seu povo um palco para discussões realmente relevantes ao bem-estar e a qualidade de vida das pessoas. E por isso ele foi de chamado de traidor pelos mais radicais.

Outro valios
o exemplo pra mim de livre arbítrio é Mahatma Gandhi, que lutou pacificamente e de forma muito inteligente pela independência da Índia, mostrando aos Ingleses que a não violência seria o melhor caminho para a valorização dos povos. E muitos o chamam de louco, até covarde.

E sem sombra de dúvida o maior de todos, é Jesus Cristo, forma personificada de Deus, que passou por nós pregando o amor ao
próximo, mesmo que este seja o inimigo. Sofreu as conseqüências de suas próprias palavras até a morte, brutal e desumana, mas nunca desistiu de mostrar a humanidade que a intolerância não os levaria a nenhum lugar, a não ser a própria destruição da raça. Os próprios amigos o delataram e o crucificaram.

Vejam bem, todos os exemplos que expus, entraram para a história do mundo, eles tiveram em suas mãos a possibilidade de guiar um povo, e o fizeram com certeza, uns optaram pela intolerância, que gerou guerras sangrentas, outros fizeram do amor ao próximo, a fórmula “mágica” para fazer a diferença em nossas vidas. Todos exerceram o livre arbítrio.

É claro que esses exemplos estão um patamar muito além de nosso entendimento, pelo menos para a maioria de nós, eu me incluo nesta maioria.

Toda Essa Introdução Foi Para Compartilhar Com Os Que Estão Lendo, Um Texto Que Li Dia Desses Numa Rede De Informações Que Relatava O Episódio De Um Certo Grupo De Jogadores De Futebol, Muito Badalado No Brasil, Que Esteve À Frente De Uma Instituição Que Cuida De Crianças Com Necessidades Especiais, Cuja A Administração É Feita Por Grupo De Pessoas Da Corrente Doutrinária Espírita.

Segundo O Texto, Alguns Jovens Atletas Se Recusaram A Entrar Na Instituição Espírita, Onde Foi Feita Uma Ação De Entrega De Ovos De Páscoa, Pelo Simples Fato Da Religiosidade Pregada Por Esta Instituição. E O Texto Afirma Ainda Que Por Isso Os Jogadores Agiram Como Verdadeiros Intolerantes Religiosos. As Linhas Não São Claras Com Relação Os Motivos Da Recusa Dos Jogadores, Pois Não Há Nenhuma Explicação Disso, A Não Ser Uma Nota Da Assessoria Deles Que Se Restringiu Em Dizer Que Eles Não Entraram No Local Porque Não Quiseram.

Minha Reflexão Sobre O Caso Vai Exatamente Na Questão De Não Conhecer Os Atletas E Tampouco De Ter Testemunhado Tal Fato. Logo Me Reservo Ao Direito De Descordar Com O Adjetivo Intolerante Dado A Essas Pessoas, Pois O Simples Fato De Optarem Por Não Fazer Parte Da Ação Social, Na Minha Opinião, Não Fazem Deles Intolerantes.L Acredito Que Fizeram Uma Escolha. Eu Poderia Aqui Conjecturar Inúmeros Motivos Para Isso, Mas Definitivamente Não Cabe A Mim Fazer Este Julgamento, Levando Em Consideração Que Não Estava Presente No Instante Em Que As Coisas Aconteceram.

Reforço Aqui O Fato De Que No Texto Não É Dito, Nem Nas Entrelinhas, O Sentimento E O Comportamento Dos Jovens Atletas Naquela Situação, Então, Realmente Não Dá Pra Afirmar Nada, Apenas Conjecturar. Inclusive Sobre O Que Fica Mais Agradável Aos Nossos Olhos. Um Comportamento Politicamente Correto Ou Uma Verdadeira Falta De Tato Diante De Adversidades?

Os Intolerantes Agem Agressivamente, Matam, Violentam, Roubam E Morrem Com A Certeza De Que Estão Certos. E Bem Diferente Disso, Existem Pessoas Que São Incapazes Momentaneamente De Deixar Prevalecer A Generosidade Ou A Caridade E Se Entregam Ao Medo, Ao Trauma, Onde Acabam Sendo Tomadas Pelas Suas Limitações, Como Todos Nós, Nos Mais Diversos Aspectos

Essa É A Minha Reflexão.
Luciana Hage
Relações Públicas
Coordenadora de Comunicação - Cufa Pará