domingo, 23 de novembro de 2008

Igualdade - ACONTECEU

Para discutir uma formação inclusiva e o respeito às diferenças étnicas, o Fórum Estadual de Educação e Diversidade Étnico-Racial deu início, na tarde desta segunda-feira, 17, ao II Seminário “Identidade Negra no Pará”, que acontece no Centro de Convenções e Feiras da Amazônia – Hangar, até esta quarta-feira, 19.

Cerca de 500 profissionais entre professores, gestores, pesquisadores, estudantes e membros de movimentos sociais participam do evento. A implementação da lei 10.639/03 que determina a inclusão nas diretrizes curriculares nacionais da educação das relações étnicos-raciais, ensino da história e cultura afro-brasileira e africana, é um dos temas debatidos no evento.

Representantes do Ministério da Educação (MEC), da Secretaria de Estado de Educação do Pará (Seduc), da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) e membros do Movimento Negro do Pará participaram da mesa de abertura. O professor Roberval José Marinho, da Universidade Católica de Brasília, realizou a conferência de abertura cujo tema foi “Identidade, etnicidade e currículo”.

A professora e antropóloga Zélia Amador de Deus destacou que o estado não pode negar à sua sociedade que ela tenha conhecimento da sua formação, da sua origem o que, ressaltou, “inclusive deveria ser considerado crime de lesa humanidade”. Ela também citou a liderança do Estado do Pará na luta pela inclusão dos temas na formação dos estudantes da rede pública.

O diretor de Educação, Diversidade e Cidadania (Dedic) da Seduc, Wilson Barroso, falou sobre os desafios enfrentados para implementação de uma política de ensino inclusiva. Barroso observou que a escola é um terreno fértil para dois momentos. Um é o da reprodução do preconceito e do racismo, por meio da prática das relações interpessoais. O outro, é a luta e a dificuldade da implementação da lei.

Segundo ele, essa implementação não se trata de discutir apenas uma proposição política pedagógica nas nossas escolas. Mas é, sim, “fundamentalmente, uma mudança de mentalidade do nosso corpo docente, das nossas universidades, que foram esses professores que não tem na sua base de formação o debate, a reflexão crítica e propositiva. Esse é o nosso grande desafio”, afirmou.

A opinião é compartilhada pelo professor Amilton Barreto, da Coordenadoria de Promoção da Igualdade Racial (Copir), que lembrou que a Seduc saiu na frente de todas as outras secretarias de educação ao abrir o primeiro curso de pós-graduação para a qualificação de professores acerca do assunto, visando “sensibilizar o professor e estabelecer um novo olhar para a história do Brasil”. Ele também falou da necessidade de material didático-pedagógico, de acordo com a lei.